domingo, 8 de janeiro de 2012

MENTE DOENTE


Oh espelho da noite,
que irrompe veloz e cego,
trazendo morte ao ego,
solidão e agonia ao tempo,
que se arrasta lento e trôpego,
sobre seres a quem ha muito o vento balbuciou  
frases desconexas, inaudíveis, 
mas que, se ouvidas em ritmo lento 
podem revelar o que ninguém agüenta ouvir
e repetir frases -  tamanha ofensa -
ruborizar faces, destruir castelos, quebrar conceitos
que ainda regem nossas vidas primitivas e sonolentas.
A noite  que reproduz e que conduz ao sono,
ao repouso; que alimenta a coragem do gatuno,
do preguiçoso; fomentando na mente vazia do medroso
a raiz e a sombra da maldade;
invadindo reinos, mundos; provocando horror
em pobres e celebridades,                                                     
com seus mitos e lendas, loucos para descobrir
a verdade e serem vítimas, mesmo que fatais,
em favor da curiosidade que permeia seus sonhos e medos.
Loucos, desvairados, desconectados do seu mundo real.
Mundo que só dorme e acorda para bem ou mal,
apenas precisando do tempo, do gatilho da espoleta da arma
que, quando apontada, pode ser fatal.
Mesmo errando causa mal.
Pelo seu estampido, pela força, pela palavra 
daquilo que sai da arma, da alma do atirador implacável
que, melindrosamente inocente, projetou  o seu vil veneno,
 palavra quente, mas tão perigosa que, ao passar o espaço vago ,     
depara-se com o espelho
que reflete a sombra passada,
o eco da palavra,
a escuridão da mente.
A parte ainda indecifrável, latente
do homem que se diz são,
mas que não passa de um doente.

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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

João e Maria

Quando a ouvi pronunciar pela primeira vez o seu nome
desenhei tua alma,vi tua aura e adentrei no livro da tua vida
caminhei por ele, conhecendo cada curva,cada encontro,
como se já tivesse percorrido por muitas vezes aquele caminho.
Não precisei levantar minha cabeça, olhar os seus olhos,
perguntar sua idade ou saber a sua procedência.
Tudo estava escrito no som da pronuncia do teu nome que ouvi,
e te ouvindo,juntei o teu caminho ao meu caminho,a tua vida
à minha vida, que iríamos vivenciar juntos, desbravar juntos.
O ponto de união, o ponto de saída para a partida.
Ainda não te conhecia, continuava de cabeça baixa,
anotava num questionário perguntas básicas,mas já
estava apaixonado pelo som da tua voz, pela harmonia da
pronúncia do teu nome,pela beleza das palavras que indicavam
o teu endereço, parecendo tudo tão conhecido para mim,
que me antecipei na cor do muro da tua casa, nos pés de
flamboyant na entrada do jardim,na cor dos teus olhos,
que neste momento eram de espanto e não me surpreendi!
sabia que aquele momento era mágico, era o nosso momento.
Então levantei os meus olhos até alcançarem os teus,
uma eternidade se passou, trocamos confidências, falamos do futuro,
do presente , do passado, construímos palácios, sonhos, uma vida.
Quando nossas mãos se tocaram, num formal bom dia,
já estávamos apaixonados e casados na alma.
Um ao outro já se pertencia, ela ainda não tinha ouvido o
meu nome que era João,mas eu já sabia o seu , que era Maria


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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Se houver resposta

              
             
Guarda para ti todos os segredos da alquimia,
todos os segredos dos melhores perfumistas,
mas não tente esconder de mim o que sentes
e o que trazes escondido em teu peito.
Não disfarça teu olhar, querendo desviar dos meus.
Nem queira tentar lutar contra as marés que te 
impedem de atracar em meu porto.
Será que contei as estrelas e não contei os números
de evasivas que recebi de ti ?
Por que não sou ou não posso ser merecedor
de um aceno de caridade,uma fagulha de carinho,
uma centelha de amor, um numero finito?
Por que finges não conhecer o calor do sol
que aquece o teu corpo, se eu poderia te aquecer 
no frio da manhã?
Por que tentar desconhecer o rio que flui do céu
e atravessa montanhas e cidades para saciar tua sede,
se o que mais anseio é molhar teus lábios com meus beijos?
Não entendo a tua resistência em não aceitar a 
minha humilde forma de te adorar.
Desejaria ser parte, desta migalha de pão
que te alimenta, pois assim poria fim 
à minha fome e à tua insegurança.
O tempo, há muito é o meu amigo mais fiel,
é ele que me mantem firme neste propósito,
procurando sempre me ensinar que quando
se apaga a luz do sol, haverá sempre 
uma lua, uma estrela para brilhar.
Assim, me acostumei a viver te esperando
e saberei esperar pelo sorriso que por muito
tempo para mim vens guardando,
saberei esperar até apagar este não no olhar. 
Saberei esperar por aquilo que me obrigaste
a aprender chorando, nunca desistir de te esperar,
porque já sofro por dois, porque por dois não 
continuar te amando?

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